domingo, 25 de março de 2012

Ponte do Rio dos Papagaios

HISTÓRICO

Construída em dois arcos de alvenaria de pedra, cruzando o Rio dos Papagaios, na então chamada estrada do Mato Grosso (atual BR - 277), que liga Paranaguá a Foz do Iguaçu, passando por Curitiba, Balsa Nova e Palmeira. É considerada um monumento de engenharia nacional. Já centenária, a ponte, é também chamada de Ponte de Dom Pedro, por remontar ao tempo do Império e haver sido sua construção autorizada por D. Pedro II. Custou à época cerca de 44 contos de réis e todas as pedras utilizadas na obra foram extraídas das pedreiras de grés dos Campos Gerais, de rochas homogêneas e resistentes, sem o emprego da pólvora - condição, alliás, estipulada no contrato de construção.

Os blocos foram talhadas conforme os desenhos ou projetos. Nenhuma pedra foi empregada sem ter sido antes examinada pelo engenheiro responsável, ou por ajudantes seu. Na alvenaria de argamassa e na alvenaria seca só se admitiam pedras em forma de paralelepípedo que não exigissem calços cuja grossura excedesse 15 milímetros.

Entre os vãos dos dois existia um medalhão em mármore roxo da colônia Alfredo Chaves, hoje Colombo, com os seguintes dizeres: “A Província do Paraná presta homenagem a um de seus mais ilustres admiradores, o pranteado Lamenha Lins, que mandou executar esta obra, e ao Engenheiro que a delineou, Capitão Francisco Monteiro Tourinho, ambos já falecidos. Em jus à gratidão e à saudade de seus cidadãos”.

Fonte: SEEC

domingo, 18 de março de 2012

Capela da Nossa Senhora da Conceição





HISTÓRICO

É uma construção singela com cobertura em duas águas, telhas capa-e- canal, arrematada por beiral encachorrado. É constituída em dois corpos: nave e sacristia lateral.
Na fachada, encimada por tosca cruz de ferro, portada central emoldurada por requadros em cantaria, verga reta. Todas as demais aberturas - o acesso à sacristia e a janela lateral - possuem também requadros em cantaria de verga reta.

Em 1820, já bastante arruinada, a capela de Tamanduá passou por obras de conservação e restauração, o mesmo ocorrendo em 1906. Novamente restaurada em 1978 pela Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Cultura e Esporte do Estado do Paraná.
Em meados do século XVIII, de acordo com o historiador David Carneiro, “quatro locais, nos Campos Gerais, depois de Curitiba, se eqüivaliam em importância: Lapa, São José dos Pinhais, Castro e Tamanduá”, da qual derivou o atual município de Palmeira. Naquela época, Tamanduá” era povoado em formação.

Na primeira metade do século XVIII já se constituíra em freguesia, possuía sua capela e eram inúmeras as famílias abastadas que lá moravam. Os carmelitas haviam construído um convento, a povoação contava com uma força de milícia e de dez em quando “assistia à partida de um grupo de aventureiros armados com o objetivo de conquistar e reconhecer o oeste misterioso”.

Tamanduá foi desmembrada de Curitiba e elevada à condição de freguesia em 20 de março de l8l3, por alvará do príncipe regente, e em 9 de maio daquele mesmo ano foram fixados os limites entre as duas paróquias. Em 1820, como os bens de freguesia já haviam sido entregues aos carmelitas (18l8), foi concedida licença para a transferência da sede paroquial para Palmeira. Segundo documentação existente, em fins do século XVII (1697) D. Rodrigo de Castel Blanco chegou aos Campos Gerais de Curitiba à procura de outro, e acampando nas proximidades do atual Campo Largo, mandou convocar todos os habitantes influentes das redondezas. Um dos mais poderosos que se apresentou foi Antônio Luiz Lamin, conhecido por Antônio Tigre, senhor de grandes extensões de terra que iam do segundo planalto, onde Tamanduá se situa, até Curitiba. Os relevantes serviços por ele prestados a D. Rodrigo e sua influência entre os habitantes locais valeram-lhe os cargos de juiz, vereador, procurador do Conselho dos Homens Bons e capitão de ordenanças em Curitiba, de 1700 a 17l8.

A primeira capela de Tamanduá foi construída em madeira pelos padres carmelitas por volta de 1709, conforme vontade expressa pelo já então capitão Antônio Tigre, que não só doara meia légua de suas terras para aquele fim, como também mandara buscar em Portugal a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Um neto de D. Antônia Góes, esposa de Matheus Leme - o capitão João de Carvalho Pinto -, legou a Antônio Tigre a imagem que pertencera à sua avó e por ela fora deixada em testamento a seu filho Matheus Leme, o moço, para que erguesse uma capela a entronizasse. Antônio Tigre, em 1727, já bem avançado em anos, mandou erigir a atual capela, em alvenaria de pedra argamassada, cujas obras terminaram em 1730, ocasião em que foi feito o translado da imagem, que se encontrava em Curitiba. Pouco antes de sua morte. Antônio Tigre, em testamento feito, legou à capela por ele construída” grandes datas de terra, muito gado e outros bens”. Em 1837, em 8 de dezembro, dia em que se celebrou o término das obras da igreja, em Palmeira, a imagem foi para lá transladada.

Fonte: Coordenadoria do Patrimônio Cultural - SEEC.




Cem Anos de Solidão é uma leitura obrigatória para quem quer conhecer um pouco sobre o Realismo Mágico - corrente literária que tem no próprio García Marquez um dos seus expoentes. Aos leitores aficionados pela corrente Realista hão de estranhar a guinada no desenvolvimento da história e das personagens, por exemplo: a personagem Remédios, a bela, é descrita como a mulher mais linda que já existiu; até ai tudo bem, qualquer autor poderia escrever isso de maneira lírica, no entanto, o fato dela ascender aos céus envolta em lençóis e desaparecer da história é característica do Realismo Mágico. Outro acontecimento inusitado dá-se quando Álvaro vende tudo o que possui e compra uma passagem eterna num trem que nunca acabava de viajar; outra vez a realidade e a magia se misturam.

Interessante que Cem anos de Solidão e Amor nos Tempos do Cólera tem personagens com uma característica semelhante, por exemplo: no livro Amor nos Tempos do Cólera a personagem Florentino Ariza possui um vazio no coração e esse vazio desperta nas mulheres uma certa compaixão ou até mesmo dó. Essa é a sua justificativa diante da pergunta que lhe fazem acerca de seu sucesso com as mulheres; sucesso que o leva a ter anotado em um caderno o nome das mais de mil mulheres que ele se relacionou. A personagem Aureliano Buendía de Cem Anos de Solidão possui, por sua vez, uma solidão no olhar, no entanto, as comparações entre os dois personagens devem parar por aqui, pois enquanto Florentino Ariza mantêm esse vazio por causa de um amor não correspondido, Aureliano Buendía é incapaz de amar; teve inúmeras mulheres, dezessete filhos, participou de trinta e duas revoluções armadas, tudo isso não por causa de um idealismo ou paixão, e sim com uma grande indiferença.

A história de García Marquez é sobre a estirpe dos Buendía e se passa em Macondo, uma cidade (imaginária) no Caribe. O primeiro homem que ganha destaque é José Arcadio Buendía em sua busca pela pedra filosofal; depois seu filho homônimo e suas viagens pelo mundo afora; mas quem recebe um grande destaque é o Coronel Aureliano Buendía, filho de José Arcadio e irmão de José Arcadio. Aureliano Buendía é liberal e promove diversas revoluções contra os conservadores. No fim de sua vida ainda tenta uma última revolução, dessa vez não contra os conservadores, mas sim contra os yankees e a Companhia Bananeira, mas Gerineldo Márquez, seu grande amigo de revoluções, o faz lembrar que eles estão velhos demais para isso. A exploração trabalhista dos cidadãos de Macondo possui a indicação verídica de que o autor esteja se referindo a uma companhia que monopolizou o comércio das frutas nas ilhas caribenhas. Por causa dessa dominação, a personagem José Arcadio Segundo promove uma greve trabalhista.

Desde o começo do livro vários personagens tentam, sem sucesso, ler uns pergaminhos escritos em sânscrito pelo sábio Melquíades, amigo de José Arcadio Buendía (o primeiro). No final do livro Aureliano (não o coronel) decifra a escrita e constata que a história da família tinha sido escrita com cem anos de antecipação nos detalhes mais triviais.

O livro Cem Anos de Solidão deve ser lido diversas vezes, até por que é a história de várias gerações (sete) que confundem o leitor por causa da semelhança dos nomes, por exemplo: Pilar Ternera é uma jovem mulher que lê cartas e inicia o Aureliano Buendía (o coronel) na vida sexual, morre no final do livro com mais de cento e quarenta e cinco anos de idade, antes conhece o seu tataraneto Aureliano Buendía. Com o decorrer da história vários personagens morrem e, em dado momento, o leitor poderá sentir-se angustiado pela seqüência de mortes, visto que depois de identificar-se com uma série de personagens, todos estes começam a morrer, mostrando a fragilidade das pessoas e a inclemência da Morte que não poupa nem os solitários e desgraçados.

Interessante o personagem Gabriel, ele é mencionado na página 267 (o livro tem 286 páginas) e torna-se um grande amigo de Aureliano (o penúltimo de sua estirpe). Gabriel tem em sigilo uma namorada chamada Mercedes. Gabriel vai para Paris na página 277 e na 279 decide ficar por lá mesmo. Após a morte de Amaranta Úrsula, Aureliano vai atrás de Mercedes, que vive numa farmácia, para saber alguma notícia de Gabriel, mas a mulher que o recebe diz que ali nunca existiu uma farmácia e não conhecia nenhuma mulher com o nome de Mercedes. Tudo isso pode passar despercebido se não fosse Mercedes o nome da esposa de Gabriel García Marquez, alías no livro Amor nos Tempos do Cólera ele dedica o livro a Mercedes, é claro.

Macondo conhece o crescimento como uma cidade qualquer: tem seu bordel, sua política, sua religião etc., a decadência de Macondo dá-se naturalmente com a morte dos membros da família Buendía.

domingo, 11 de março de 2012

Resenha do livro O que é Psicologia Social




Silvia Tatiana Maurer Lane é uma importante pesquisadora brasileira que, desde a década de 1980 vem contribuindo nas discussões acadêmicas sobre a Psicologia Social. Em 1981 quando publicou o livro “O que é Psicologia Social” pela “Coleção Primeiros Passos”, possuía graduação em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), posteriormente obteve seu doutorado em Psicologia pela Faculdade de Ciências e Letras de São Bento e o Pós-Doutorado pela École de Hautes Études em Sciences Sociales.

A obra de Lane aqui resenhada é o resultado das primeiras leituras sobre o tema a partir do ponto de vista psico-sociológico da autora. Nesse livro, Lane aborda uma série de problemas relacionados à Psicologia Social, tais como: as identidades sociais, os papéis sociais, as representações sociais, a linguagem, o discurso e a ideologia, e as instituições sociais, principalmente a família e a escola, trata ainda sobre trabalho e classes sociais e, por fim, faz uma reflexão teórica sobre a Psicologia Social no Brasil.

No início do livro Lane ressalta as diferenças fundamentais entre a Sociologia e a Psicologia Social, pois, justifica, que ambas as disciplinas dialogam, mas a primeira se detêm especificamente na relação entre a sociedade agindo no indivíduo, seu foco, portanto é a sociedade, enquanto a segunda se detêm na relação entre o indivíduo inserido numa determinada sociedade, portanto, seu foco é o indivíduo. Dada essa diferença epistêmica a autora explora alguns conceitos comuns a ambas as disciplinas as quais foram elencadas acima. Enfatiza a criação de identidades sociais o que acarreta a criação de papéis sociais desempenhados pelos indivíduos – ou atores – que representam funções orgânicas fundamentais na consolidação do que é considerado normal na sociedade. Por exemplo: o papel de homem-pai-marido se relaciona com o papel de mulher-mãe-esposa, isso é o normal. Alterações nesses papéis desencadeiam uma sucessiva reação social de desaprovamento.

Em seguida Lane discorre sobre o modo como esses papéis e representações são consolidados na sociedade via linguagem, a qual sustenta um discurso fomentador de ideologias. Essas ideologias são sustentadas pelas principais instituições sociais, como, por exemplo: a família e a escola.

É desde cedo na família que se ouve a frase: “menino não chora”, ou “isso não é jeito de menina”, o que demonstra como, ainda na infância, meninos e meninas vão se apropriando de papéis, os quais, paulatinamente, vão representar na sociedade. A escola, por sua vez, espaço que deveria ser destinado à autocrítica e emancipação do indivíduo coopera na reprodução dos papéis sociais, ou classes sociais, para usarmos uma expressão de Bordieu (1988).

Em outro capítulo Lane analisa à questão do trabalho, no qual expõe as contradições inerentes a uma sociedade capitalista. Nesse aspecto a autora faz uma leitura marxista sobre as classes sociais, as quais têm suas gêneses na relação entre os que detêm os meios de produção e os que não detêm e, por isso, vendem a única coisa que possuem: a mão de obra. Nesse caso, Lane questiona a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho braçal, o qual, segundo a autora, nada mais é do que uma ideologia proposta pelos grupos dominantes.



Por fim, Lane faz uma crítica ao próprio desenvolvimento da Psicologia Social no Brasil, a qual ainda tem dificuldades em se inserir no contexto social através da práxis, pois, segundo a autora, os acadêmicos da Psicologia Social estão circunscritos aos próprios termos teóricos (debates). No entanto, se o foco da Psicologia Social é o indivíduo, o teórico precisa dimensionar sua esfera contextual: a própria sociedade em que este está inserido.

Leitura provida de senso-crítico, análise psico-sociológica e engajamento político, ademais, Lane propõe um corte na própria carne ao criticar o não-engajamento dos teóricos da Psicologia Social no contexto dos indivíduos que são objetos de suas pesquisas. Lane é leitura indispensável para as discussões sobre Psicologia Social no Brasil.

Referências Bibliográficas


LANE, Silvia T. Maurer. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1981 – (Coleção Primeiros Passos; 39), 1981.

BORDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998.